02 - O caminho iniciando

Após comer a maçã o sacerdote começou perceber os caminhos que se apresentavam e sentia a necessidade de se aproximar de alguma ordem ou agrupamento para que sua missão fosse apresentada. Colocou-se a ouvir.

Ouvia muitas coisas que lhe eram apresentadas no dia-a-dia. Ouvia e aprendia. Tudo de apresentava e estudos algo encaminhou-o para estudos místicos e ordens místicas. O primeiro passo foi colocar-se em absoluto silêncio para que pudesse ouvir e para que lhe fosse apresentada a ordem a que deveria seguir. 

Numa noite, depois de seus rituais e estudos, deitou-se... Neste mundo onírico tudo se revela e foi aí que mais uma revelação aconteceu. 

Durante o sono, ouvia pessoas falando, parecia que ele estava entre pessoas muito conhecidas, com quem convivia há muito tempo. Mesmo sabendo que se tratavam de pessoas conhecidas, ele tinha plena consciência de que ninguém ali era conhecido. Isso tudo acontecia numa casa. A casa parecia ser de algum parente, mas ele não sabia quem era esse parente. 

Num determinado momento, uma mulher se aproxima e pede que ele vá até um dos cômodos da casa para buscar um livro. Hermes levanta-se e  vai até o cômodo, ao entrar depara-se com um espelho colocado sobre uma mesa. 

O quarto estava escuro, semi-iluminado, a luz que iluminava o quarto provinha da mesa, onde havia o espelho. Ao olhar com mais atenção viu sobre a mesa duas velas acesas. As velas acesas eram refletidas pelo espelho, a luz das velas e das velas no espelho iluminavam todo o cômodo. Tratava-se de uma luz sombria, mas que permitia ver os móveis distribuídos no cômodo.

Hermes deu um passo em direção à mesa, olhou com mais atenção e viu sobre ela uma cruz. A cruz tinha no centro uma rosa vermelha. Como se tratava de um recém iniciado não tinha consciência dos símbolos apresentados.

A cruz ali apresentava toda a materialidade, toda a relação do homem com a terra, com o ser corporal. Era a sombra do homem formada quando ele, de braços abertos, se coloca diante do sol. A cruz representava a vida terrestre.

No centro da cruz, onde os braços se encontram havia uma rosa vermelha. A rosa remetia à cabeça refletida na sombra do sol. Esta pequena rosa simbolizava o sagrado, o espiritual, a dimensão do homem espiritual, simbolizava o mundo espiritual. 



Surpreendeu-se o homem com o símbolo encontrado, e continuou sua exploração até se deparar com o espelho e ver nele um reflexo. frente a frente com o espelho ele não via seu rosto, mas o rosto de um homem mais velho, com feições de sabedoria e no peito trazia um cordão com um medalhão. Contudo observou que as roupas ali apresentadas eram as que ele vestia. 

Pegou o livro que estava sobre a mesa, junto das velas, da cruz e do espelho e levou para a mulher. Ao entregar o livro, despertou...


01 - Iniciando o caminho sacerdotal

Muitos perguntam como se dá o processo de iniciação de um sacerdote. Afirmo que há inúmeras tradições que percorrem os séculos, desde a antiguidade até os dias atuais. Na busca espiritual Hermes Dionísio sonhou com um evento, este ocorria numa espécie de arena um grande teatro, muitas pessoas conhecidas e muitos amigos estavam a sua volta.

Todos ali reunidos ouviam uma grande aula magna sobre o percurso da magia e da tomada de consciência. A preleção era dirigida por um sacerdote primaz de uma ordem bastante antiga. Hermes o conhecia há muitos anos, inclusive este sacerdote havia sido seu mestre quando noviço nas artes mágicas e nos estudos da espiritualidade. 

O velho sacerdote conduzia o grupo e palestrava sobre a tomada de consciência e o conhecimento alquímico. Falava de sua tradição mágica e do caminho percorrido. Num dado momento, o sacerdote pegou uma maçã vermelha, linda, perfumada. O perfume da maçã tomou conta do espaço. 

A maçã trazia vários símbolos. Um deles era do pomo do paraíso, a fruta proibida ofertada a Eva no princípio do mundo. Eva passeava pelo paraíso quando é tentada pela serpente a comer do fruto proibido, da árvore do conhecimento. Eva come e descobre-se... A maçã é portanto o símbolo da tomada de consciência, do início do caminho. 

Ao comer a maçã Adão e Eva não só descobrem que estão nus, como tomam consciência de si e do mundo. Ao tomar consciência, partem em um novo rumo. Assim, o símbolo do pecado é simbolo de consciência, de sabedoria, de conhecimento.

Além dos símbolos de Adão e Eva, o velho sacerdote apresenta a maça na tradição e recorda algumas lendas, como a da Branca de Neve, que em uma maçã o veneno foi oferecido. Assim, a mesma maçã do conhecimento carrega em si um veneno...O conhecimento.

O sacerdócio é para o sacerdote como a maçã, leva o conhecimento e seu veneno, saber como usá-lo é a grande chave do processo a ser vivenciado. 

Após discorrer sobre o tema, o velho sacerdote toma a maçã na mão esquerda e anda no meio dos que ali estão, caminha entre todos, leva no rosto um olhar sério. A maçã exala seu perfume, todos estão atentos. 

Num determinado momento, o ancião para diante de Hermes e diz algumas palavras, neste momento Hermes levanta-se... O ancião coloca-lhe a maça sobre a cabeça e pede que Hermes fique tranquilo e em silêncio. A iniciação começava;;;

A sabedoria e o veneno estavam colocados em sua fronte... O sacerdote se distancia e pergunto se Hermes tem medo da  flecha da verdade. Ao que Hermes diz não ter medo. O velho, então, toma distância, pega um arco e uma flecha e dispara contra a maçã, perfurando-a.  Hermes estremesse... 
O perfume da maçã toma o espaço. Ao que o Sacerdote diz, come-a...

Hermes a come e seus olhos se abrem... Está iniciado... Alguns símbolos novos apareceram, a flecha da verdade perfurou a maçã e deu a ela novo sentido, agora todos os símbolos se unem na missão dada ao sacerdote... levar o conhecimento à luz da verdade. O sacerdote tem suas mãos, o conhecimento, o veneno e a verdade, cabe a ele usar de acordo com as necessidades.

O sacerdote comeu a maçã, a mais saborosa de todas, a melhor e mais suculenta, nunca havia provado nada assim.



Mais alguns símbolos são apresentados entre eles a flecha, como a do cúpido que ligou o homem a seu amor sacerdotal, a maçã flechada agora comida se tornam no sacerdote sangue, passam a fazer parte do ser que ele é. Tudo integra-o numa única realidade, 

Como no conto de Guilherme Tell, a flecha acerta somente a maçã, que ao ser ingerida pelo sacerdote passa a compor o ser do sacerdote cumulando-o de tudo que o símbolo traz. 

Assim deu os primeiros passos, num ritual diferente, onírico, cumulado de símbolos...